12 de Agosto de 1963 é a data que marca o início das operações da primeira linha de trólebus de Santos. Autoridades e populares assistiram a festa de inauguração, curiosos para ver o que seria a mistura de bondes com ônibus, na rua Martim Afonso no centro de Santos, assistiram a festa de inauguração da pioneira linha 5.
Na época, Santos tinha mais de uma centena de bondes circulando, e dezenas de ônibus também. Os bondes tinham tarifa mais baixa e, além de tradicionais, eram os preferidos da população. A ideia dos trólebus para Santos veio do sucesso do sistema implantado em São Paulo, SP. Na capital paulista, os trólebus foram implantados em 1949, inclusive entre 1963 e 1969 a própria CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos) paulistana passou a fabricar seus próprios trólebus.
A prefeitura importou 50 trólebus fabricados pela FIAT italiana. Em junho de 1963 o Porto de Santos recebeu o primeiro lote de 5 veículos e posteriormente a frota foi se completando.
Após a inauguração em 1963 da primeira linha, no ano seguinte foi criada a segunda, de número 53, conhecida por "Trólebus do Orquidário". Em 1965 foi inaugurada a linha da Ponta da Praia, a 54.
TRÓLEBUS OCIOSOS ATÉ 1966
Problemas com importação de equipamentos e implantação da rede aérea dificultaram novas inaugurações: apenas 17 trólebus eram utilizados até 1966, e os 33 restantes ficavam na garagem por falta de linhas. Na época, evitava-se ao máximo a coexistência trólebus+bondes na mesma via: ambos utilizavam fiação elétrica aérea, porém diferentes e incompatíveis, ou seja, onde havia bondes não podia haver trólebus.
Os bondes reinavam absolutos pela avenidas da Praia, Ana Costa, Conselheiro Nébias, Cais, Canais 1, e 2. Para os trólebus restaram as ruas e avenidas sem bondes. Então, a avenida Washington Luiz - o Canal 3 foi a via escolhida para ser a ligação entre o centro à região da Orla nas três primeiras linhas de trólebus de Santos.
DIMINUIÇÃO DE LINHAS DE BONDES PARA A CRIAÇÃO DE NOVAS LINHAS DE TRÓLEBUS
Para a expansão das linhas de trólebus algumas linhas de bondes foram extintas. Com isso, em outubro de 1966 foi inaugurada a quarta linha, a 8. O chamado
Trólebus do Macuco, englobou linhas de bondes que seguiam para o Mercado, a Vila Macuco e a Bacia do Macuco. Também em 1966, em dezembro, as linhas de bondes foram retiradas de toda a extensão da avenida Conselheiro Nébias. Com isso os bondes que antes operavam nas linhas 4, 10, 29, 33, 44, 52 e 94 seriam transferidos para outras linhas que permaneciam, reforçando principalmente o tronco da avenida Ana Costa.
Assim, em 1967 deu-se início a implantação da linha tronco de avenida Conselheiro Nébias. Naquele ano foram finalmente inauguradas 4 linhas de trólebus, podendo assim serem utilizados todos os trólebus, deixando apenas alguns trólebus na garagem como reserva. As novas linhas de trólebus da Conselheiro foram as seguintes:
- 45: Centro - Conselheiro Nébias, Afonso Pena até o Canal 5
- 44: Centro - Conselheiro Nébias até o Boqueirão.
- 4: Centro - Conselheiro Nébias, Ferry Boat, via Epitácio Pessoa. Com a inauguração da linha 4, foi extinta a linha 54.
- 40 - Centro - Conselheiro Nébias - Orquidário.
O DECLÍNIO DOS BONDES E TRÓLEBUS
Em 1967 os trólebus estavam a plena carga e haviam planos para expansão do sistema para a Zona Noroeste. Os bondes também cumpriam seu papel, sendo diversas unidades reformadas. Mas, com a perda da autonomia política de Santos, os trólebus e principalmente os bondes sofreram um grande declínio a partir de 1968. A partir dali, acabou-se a expansão de novas linhas, e até mesmo a fiação que havia sido instalada na avenida Nossa Senhora de Fátima (foto) ficou sem mesmo ser inaugurada dando fim ao projeto de trólebus na Zona Noroeste O SMTC enfrentava uma grave crise, culminando com falta de manutenção na fiação dos trólebus e bondes, causando acidentes e quedas de rede, paralisando trólebus e causando engarrafamentos. Por outro lado, a prefeitura santista passava a adquirir grande número de ônibus.
Curiosamente, em dezembro de 1970 implantou-se uma linha turística de trólebus, ligando o Orquidário ao Ferry Boat, funcionando apenas aos domingos daquele mês mas logo foi cancelada.
Em 1971, os bondes foram extintos.
Em 1972, um trólebus foi convertido a diesel. Ao longo dos anos 1970 os trólebus italianos foram ficando sucateados, e muitas linhas foram extintas ou transformadas em ônibus comuns.
Em 1973 veio a crise do petróleo: os bondes, se não tivessem sido extintos provavelmente continuariam circulando. Os trólebus escaparam da extinção.
REVITALIZAÇÃO DOS TRÓLEBUS
No final dos 1970 o governo brasileiro criou um programa para implantação e renovação do sistema de trólebus. Santos foi beneficiada, com a reforma de 25 trólebus italianos restantes e a aquisição de novas unidades, nacionais. Com isso, foram recriadas linhas anteriormente extintas, como a 8 e a 53. Em 1987, 6 trólebus nacionais fabricados pela Mafersa foram comprados pela então CSTC (Companhia Santista de Transportes Coletivos), e em 1988 a linha 20 de ônibus foi eletrificada, com a implantação da rede aérea na Avenida Ana Costa.
NOVO DECLÍNIO NOS ANOS 1990
Nos anos 1990 novamente um novo declínio: os 25 trólebus italianos e diversos trólebus brasileiros adquiridos no início dos anos 1980 foram retirados de circulação em 1993: com isso, quase todas as linhas de trólebus de Santos foram extintas, restando apenas as linhas 4 e 20.
Em 1996, a linha 4 deixa de operar com trólebus, restando apenas a linha 20, em operação com 7 trólebus, sendo 1 fabricado pela empresa Marcopolo e 6 unidades Mafersa.
HOJE: TOMBAMENTO DOS TRÓLEBUS E POSSÍVEL LINHA TURÍSTICA
A importância histórica dos trólebus levou o historiados Waldir Rueda a solicitar o tombamento do sistema de trólebus de Santos em 2006. O processo chegou a ser arquivado, mas em 2009 o historiador solicitou o desarquivamento, e neste ano tornou-se inquérito civil.
Por sua vez, a Prefeitura de Santos anunciou que pretende criar uma linha turística de trólebus.
A linha - que utilizaria os mesmos veículos e percurso da linha 20, irá levar turistas e moradores do Gonzaga até a Praça Mauá, no centro, local de onde partem os bondes turísticos. Com isso, haverá uma integração trólebus-bonde.
TRÓLEBUS DE SANTOS - PERSPECTIVAS
Nos últimos 22 anos não se adquiriu mais nenhum novo trólebus em Santos. Os 6 veículos Mafersa que atendem a única linha de trólebus de Santos são os mesmos que inauguraram a então nova linha 20 em 26 de janeiro de 1988. As redes aéreas das linhas extintas não existem mais, restando apenas alguns suportes espalhados pela cidade, mas que não possibilitam a imediata volta dos trólebus.
Mas a implantação de novas linhas é algo que melhoraria sensivelmente o transporte coletivo de Santos, do ponto de vista do passageiro:
- o trólebus, vale lembrar tem emissão zero de poluentes. Por si só, poderiam estampar uma bela pintura lembrando a todos que são veículos ecológicos.
- pela sua característica de motor elétrico, o passageiro tem uma viagem mais confortável do que nos ônibus comuns.
- uma rede aérea com manutenção em dia não provoca o desprendimento das alavancas que coletam a energia elétrica.
- a durabilidade de um trólebus é muito maior do que um ônibus comum. Os trólebus atuais de Santos estão há mais de duas décadas circulando.
IDEIAS PARA O TRÓLEBUS TURÍSTICO
A linha 20 poderia ser "esticada" até o Orquidário, criando-se uma ligação entre os passageiros do bonde até a famosa atração turística, que atualmente encontra-se em reforma. Para isso, basta implantar nova rede aérea ligando a Praça da Independência até a Praça Washington. Seria uma ideia para incrementar ainda mais o projeto do Trólebus Turístico.
Outra ideia para o trólebus turístico seria estender a linha 20 até a Praia, junto ao Bonde fixo que serve de posto de informações turísticas, e ficaria junto com as linhas turísticas dos Seletivos. Numa outra etapa, levar o trólebus turístico até o Aquário, o ponto turístico mais visitado de Santos - e o segundo mais procurado pelos turístas no estado de São Paulo.
Para isso, novos trólebus terão que ser adquiridos.
Hoje, Santos conta com este meio de transporte confortável e não poluente. Há apenas um linha, a 20, que liga o Centro ao Gonzaga, via Ana Costa. Prestigie este transporte coletivo.
Boa Sorte aos Trólebus de Santos! 12 de Agosto de 2010 - 47 anos em operação