|
Foto de 1909 que foi publicada em matéria de A Tribuna |
Hoje, 26 de Março, o jornal
A Tribuna de Santos completa 116 anos.
Presente no dia-a-dia da população santista há mais de um século, o jornal já acompanhou - e registrou - momentos importantes da história de Santos, da Baixada Santista e do Brasil.
Atualmente o jornal conta com mais um outro jornal diário (Expresso Popular), uma emissora de rádio (
Tribuna FM 105,5 MHz) e uma emissora de televisão (
TV Tribuna, afiliada da Rede Globo na Baixada Santista e Vale do Ribeira), e também os jornais Primeiramão Santos e Campinas.
A HISTÓRIA REGISTRADA, DIA APÓS DIA E uma coisa que digo para todos que me perguntam é que a maior fonte de toda a pesquisa que já fiz sobre bondes e trólebus de Santos foi feita a partir da leitura de edições antigas de
A Tribuna. Seja nos arquivos da Hemeroteca, ou no site
Novo Milênio - que é uma das mais importantes fontes on line sobre a História de Santos e que em em suas páginas muitas edições digitalizadas de
A Tribuna.
A chegada dos trólebus ao porto, as mudanças e inaugurações e até extinção dos bondes. Além disso, a história da cidade de Santos, no Século XX e agora neste século pode ser acompanhada e melhor compreendida lendo o arquivo histórico de A Tribuna.
Eu mesmo acabei montando um bom acervo de edições antigas de A Tribuna em meu HD, para pesquisas e poder obter dados importantes sobre os fatos que envolveram trólebus e bondes até hoje.
Taí uma dica: quer fazer uma viagem no tempo? Então, aqui uma pequena amostra do que é reler edições antigas de A Tribuna:
Trem versus bonde, em plena avenida Conselheiro Nébias. Em 1963 um acidente envolvendo um bonde e um trem da antiga Sorocabana causou a destruição do bonde, como vemos na edição de 4 de Janeiro de 1963 de A Tribuna.
Hoje, em pensar que não há bonde e nem mesmo trens cruzando a Conselheiro - o que poderá mudar, se for concretizado o projeto do VLT - Veículo Leves sobre trilhos da Baixada Santista, onde uma espécie de bonde moderno irá cruzar avenidas como a Conselheiro Nébias utilizando o espaço deixado por onde no passado corriam os trilhos da Sorocabana.
E você na pesquisa é o Senhor do Tempo. Em um dia você opta por pesquisar os anos 1970, ou os oitenta. Ou mesmo fazer uma volta mais radical ao passado. E até observa os diversos formatos, disposição das notícias nas páginas do jornal, que mudaram com o passar das décadas. Por exemplo, no passado, havia poucas fotos nas edições. E muitas ilustrações. A formatação, o tipo de letra também foi mudando com o passar do tempo.
A escolha do ponto de partida é interessante, por exemplo, na edição ao lado de 1º de Novembro de 1985 marca o fim dos ônibus seletivos em Santos, aqueles que eram operados pela "Viação". "No início da noite, as indicações de linha forma retiradas e os veículos recolhidos definitivamente à garagem", mostrava a última página de A Tribuna daquele dia.
O interessante da pesquisa é ter disposição de tempo, muitas horas para poder folhear página por página e assim percorrer dias, semanas, anos. Então vão surgindo datas de inaugurações, mudanças, e surgem até lugares que nem mesmo existem mais. Voltando ao assunto bonde-trólebus, também a leitura dos jornais antigos, mostra como foi a transição da extinção do bonde e a chegada dos primeiros trólebus. A empolgação da chegada dos ônibus elétricos italianos era algo que entusiasmava a população, já que estava acostumada com o bonde e não era muita adepta aos ônibus de então.
"O SMTC (Serviço Municipal de Transportes Coletivos) tira bonde 5 e põe ônibus enquanto não inaugura tróleibus". Note a grafia: troleibus!
No caso, o bonde 5 fazia itinerário parecido com a que viria a ser a futura linha de trólebus 8. Como a fiação do bonde não é compatível com a do trólebus, ao invés de manter duas fiações (como hoje felizmente ocorre em Santos na rua General Câmara e Brás Cubas), resolveu-se retirar o bonde, e então se instalar o trólebus 8. Como essa transição levava dias, o SMTC colocou ônibus cobrindo a linha 5 de bondes, extinta.
Para chegar a esta conclusão, foi preciso ler muitas edições dos dias anteriores e seguintes ao da edição de 7 de Outubro de 1966. E interessante que até 1966 só circulavam cerca de 17 trólebus em Santos, apesar da frota ser de 50 veículos - por falta de linhas. Em Santos, até a inauguração da linha 8, os trólebus basicamente faziam o trajeto Centro-Canal 3 e depois seguiam para 3 destinos: a linha 5 seguia na Epitácio Pessoa e entrava no Canal 5 e fazia ponto final na Afonso Pena; a linha 53 seguia na Galeão Carvalhal, Floriano Peixoto e ia até o Orquidário. E a linha 54, seguia na Epitácio Pessoa até o Ferry Boat. E todas as três faziam o mesmo caminho na ida e na volta, ou seja, circulavam nos dois sentidos da Epitácio Pessoa, Galeão Carvalhal e Floriano Peixoto.
Já no ano de 1967, foram inaugurados as linhas de trólebus da Conselheiro Nébias: 45, 44, 4 e 40, nesta ordem. Então finalmente os trólebus estavam a plena carga, e pode-se dizer que os bondes, apesar de terem algumas de suas linhas extintas, ainda mantinham seu importante lugar no transporte coletivo santista. Basicamente, os bondes eram presença forte nos bairros do Marapé, Vila Belmiro e Campo Grande, sem contar que reinavam absolutos na Avenida Ana Costa e em toda a Orla da Praia. E uma das mais importantes linhas de bondes era a 19, que ligava o centro ao porto e à avenida Pedro Lessa, no então mais populoso e extenso bairro de Santos, o Macuco.
Interessante como pesquisando vemos como haviam ruas de mão dupla. Na foto ao lado, da edição de 11 de Maio de 1967 o bonde tinha mão dupla em uma das faces da Praça José Bonifácio, junto à Catedral.
Mas, claro que folheando os jornais antigos acompanhamos fatos impressionantes e até trágicos da história de Santos. Quem já ouviu falar na explosão do gasômetro? Ou no desmoronamento dos morros que soterrou grande parte da antiga Santa Casa de Santos, na avenida São Francisco?
Ao lado uma foto e uma notícia impressionante: "Edifício de 10 andares desmorona em São Vicente", de 24 de Dezembro de 1966. Ou seja, próximo ao Natal de 1966 um prédio praticamente se deitou no morro, próximo à Ponte Pênsil. O prédio ficava próximo a onde há o posto policial, e não há mais sinais de que ali um dia houve um edifício de 10 andares. Segundo o noticiário, não houve vítimas, mas foi um momento trágico para os moradores.
Na edição do dia 4 de Outubro de 1978 a matéria sobre a catraia lotada que naufragou, na linha que liga a Bacia do Mercado até Vicente de Carvalho. As barcas que fazem a ligação - que inclui uma passagem subterrânea sob o Cais do porto de Santos - transportam milhares de passageiros todos os meses. É uma ligação rápida pois é em linha reta, e feita por catraias. Naquela data uma das catraias naufragou lotada de passageiros.
Enfim, tantas histórias, algumas boas, outras tristes, mas que foram registradas são uma fonte enorme de conhecimento, incluindo para se conhecer como eram e o que pensavam os santistas de outros tempos.
PESQUISA EM EDIÇÕES ANTIGAS DE A TRIBUNAHá dois grandes arquivos de A Tribuna disponíveis para pesquisa. Um deles é no próprio jornal, e o outro, é na Hemeroteca Municipal. Como eu já mencionei anterioremente, reserve algumas horas para a pesquisa. Nestes locais o tempo passa depressa...
No setor de pesquisa de A Tribuna, que fica na Rua General Câmara, 100 no Centro de Santos, o público tem à disposição para consulta coleções de A Tribuna a partir de 1921, encadernadas e separadas por quinzena. As edições do Expresso Popular estão disponíveis desde a data de seu lançamento. A consulta e leitura dos jornais são gratuitas. Os interessados na compra de jornais dos dois últimos anos poderão adquiri-los nesse setor. Há também serviço de xerox (cobrado) para quem precisar de cópia da matéria pesquisada. Para facilitar o trabalho e ganhar tempo, o visitante deve, quando possível, trazer indicação da data exata ou aproximada do fato a ser pesquisado. Toda consulta no setor de pesquisas deve ser feita pessoalmente. Não há consultas por telefone. O setor de pesquisa funciona de Segunda à Sexta, das 9 às 17 horas.
Já na Hemeroteca Municipal Roldão Mendes Rosa há exemplares antigos de A Tribuna, encardenados em enormes (e pesados) volumes, separados por meses e anos. Além de A Tribuna há outros jornais, revistas, diários oficiais do Município, Estado e União Oferece fazem parte do material para consulta e pesquisa da Hemeroteca. Seu acervo é composto por aproximadamente duas mil pastas com recortes sobre diversos assuntos, todos catalogados para facilitar o acesso aos usuários, e cerca de 85 mil periódicos de 1850 até os dias atuais. Podem ser tiradas cópias no local, já que os documentos não podem sair da Hemeroteca. Funciona de segunda a sexta- feira, das 8 às 19 h e sábado, das 8 às 14h. No Centro de Cultura Patrícia Galvão. Av. Pinheiro Machado n.º 48, Vila Mathias, embaixo do Teatro Municipal. Tel. (13) 3226-8021. No caso da Hemeroteca é aconselhável levar uma câmera digital e tirar fotos das matérias, utilizando a opção "macro" da câmera.